Previsto em lei há 14 anos, mas só implantado em setembro, mecanismo arrecada recursos de indústrias para conservação de bacias hidrográficas |
Cobrança não deve impactar na tarifa, reforça assessor |
Sanepar diz que vai absorver custos
A Sanepar é a maior usuária das Bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira e responderá por 84% do valor cobrado. Mesmo assim, atualmente não há previsão de mudanças na tarifa por conta disso, diz Pedro Franco, da Assessoria de Planejamento e Desenvolvimento Ambiental da Sanepar.
No longo prazo, porém, a Sanepar irá avaliar a necessidade de mudanças. Segundo Franco, quando todos os comitês de bacias do Paraná começarem a fazer a cobrança, o impacto financeiro será bem maior. Além disso, a expectativa de universalização da rede de esgoto vai aumentar a quantidade de efluentes lançados. “Mesmo com sistemas mais eficientes, a Sanepar pagará mais, pois a rede de coleta vai aumentar”, diz.
A Sanepar é a maior usuária das Bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira e responderá por 84% do valor cobrado. Mesmo assim, atualmente não há previsão de mudanças na tarifa por conta disso, diz Pedro Franco, da Assessoria de Planejamento e Desenvolvimento Ambiental da Sanepar.
No longo prazo, porém, a Sanepar irá avaliar a necessidade de mudanças. Segundo Franco, quando todos os comitês de bacias do Paraná começarem a fazer a cobrança, o impacto financeiro será bem maior. Além disso, a expectativa de universalização da rede de esgoto vai aumentar a quantidade de efluentes lançados. “Mesmo com sistemas mais eficientes, a Sanepar pagará mais, pois a rede de coleta vai aumentar”, diz.
Outras bacias
O Paraná tem dez comitês de bacia instalados, e cada um é composto por representantes do governo, dos grandes consumidores e da sociedade civil. Ainda não há previsão para o início da cobrança pelo uso da água em outras regiões. Os comitês que já têm plano de bacia – um documento com diagnóstico sobre a demanda e uso da água – estão em fase mais adiantada. Segundo dados do Instituto das Águas do Paraná, estão nesta situação a Bacia do Paraná III e a Bacia do Rio Jordão. O documento sobre a Bacia do Rio Tibagi deve ser finalizado em 2014, segundo o comitê local. As demais não possuem plano cadastrado.A tarifa estipulada pelo Coliar leva em conta o volume ao qual o grande usuário tem direito (por meio de outorga), o volume captado, seja superficial ou subterrâneo, o volume consumido (incluindo as perdas), e a quantidade de efluentes lançados. Quanto mais poluído o efluente, mais alta a tarifa.
Segundo Olga Polatti, gerente das Bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira, a cobrança será escalonada até 2016, e por isso o impacto sobre o setor produtivo não é expressivo. “Isso vem sendo discutido desde 2007. Quem vai pagar mais é quem mais participou das reuniões, e estão todos de acordo, pois sabem que é necessário para melhorar a qualidade da água.”
Nos primeiros 12 meses, o valor da tarifa corresponde a 60% do total; do 13.º ao 24.º mês, 80%; e, a partir disso, 100%. A cobrança integral, entretanto, só será feita se as empresas tiverem a opção de pagar pelo valor consumido, e não o outorgado, que costuma ser maior. Para que isso ocorra, é preciso que as empresas instalem hidrômetros e que o Instituto de Águas do Paraná, responsável pelos recursos hídricos do estado, tenha condições de fazer a fiscalização.
Apenas os maiores usuários das Bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira receberam o boleto referente ao último quadrimestre de 2013. Em 2014, o número de empresas pagadoras será maior, e a expectativa do Coliar é arrecadar R$ 3 milhões; em 2015, R$ 4,8 milhões; e, a partir de 2016, cerca de R$ 6 milhões.
A cobrança pelo uso da água já é feita em algumas bacias federais e estaduais, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Ceará. Em relação aos modelos existentes, há duas grandes diferenças: a cobrança pela água desperdiçada e a isenção ao setor agrícola, prevista em lei aprovada na Assembleia.
Representantes de empresas querem garantia de melhorias
Representantes dos grandes usuários afirmam que o pagamento pela água é uma necessidade ambiental, mas dizem que vão acompanhar de perto a aplicação dos recursos arrecadados. “Não queremos que ocorra nenhuma distorção, ou que seja apenas mais uma taxa para onerar a indústria”, afirma Irineu Roveda, do Conselho Temático de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Tanto a Fiep como a Sanepar dizem que é preciso incentivar o consumo responsável e a eficiência. Para Roveda, ainda não há mecanismos que beneficiem quem reduzir o consumo de água, como já ocorre com a energia elétrica. Pedro Franco, da Assessoria de Planejamento e Desenvolvimento Ambiental da Sanepar, ressalta a necessidade de linhas de financiamento. “A empresa que quiser fazer um projeto de reutilização da água terá de arcar sozinha. Não é uma questão local, dessa bacia, mas um problema em todo o Brasil”, afirma.
Henry Milleo/ Rosana Félix Gazeta do Povo