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» » » » » » BRASIL | DESIGUALDADE | Educação reforça desigualdade entre negros e brancos

No Brasil, brancos frequentam escola por mais tempo, enquanto pretos e pardos têm acesso a escolas de pior qualidade. Para movimento Todos pela Educação, são necessárias políticas públicas específicas para os negros.

Quando se trata de educação, a desigualdade entre brancos e negros ainda é grande no Brasil. Segundo dados organizados pelo movimento Todos pela Educação e divulgados nesta sexta-feira (18/11), os brancos concentram os melhores indicadores e são a parcela da população que frequenta a escola por mais tempo.
Segundo estudo, população negra tem acesso a escolas com piores infraestrutura e ensino
A falta de oferta de uma educação de qualidade é o que aumenta esta desigualdade, aponta o estudo divulgado dois dias antes do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.
De acordo com o levantamento, a taxa de analfabetismo é de 11,2% entre os pretos, 11,1% entre os pardos, e 5% entre os brancos.O estudo leva em consideração os critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera como negro os cidadãos que se declaram pretos ou pardos.
Até os 14 anos de idade, as taxas de frequência escolar não variam muito entre as populações. No entanto, a partir dos 15 anos as diferenças se destacam: enquanto, entre os brancos, 70,7% dos adolescentes de 15 a 17 anos estão no ensino médio, entre os pretos e pardos este número cai para 50,5% e 55,3%, respectivamente.
No terceiro ano do ensino médio, a diferença é ainda maior a partir da análise da aprendizagem dos conteúdos. Segundo o estudo, 38% dos brancos; 21% dos pardos; e 20,3% dos pretos têm o aprendizado adequado em Língua Portuguesa. Em matemática, 15,1 % dos brancos; 5,8% dos pardos e 4,3% dos pretos têm o aprendizado adequado.
Política específica
Em entrevista à Agência Brasil, presidente executiva do momento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, afirma que os estudantes mais vulneráveis são os que têm acesso a escolas com piores infraestrutura e ensino.
"A chance de um filho de pais analfabetos continuar analfabeto é muito grande, e isso é mais forte na população negra. Então, se a gente tem uma dívida histórica com a população negra, não basta só ter direitos iguais, não adianta a gente só dar direitos iguais a negros e pardos, a gente tem que ter políticas específicas na educação básica", afirmou.
Para a presidente do movimento, é preciso dar as melhores escolas para a população negra e parda. "Porque ela só vai conseguir romper o ciclo de exclusão e pobreza em que estão presas há gerações com política pública específica. Não adianta ter diploma, é a qualidade que vai importar. Para conseguir qualidade, o estado tem que dar muito mais para a população historicamente excluída."
Indicadores da desigualdade
Os negros são a maioria da população brasileira – 52,9% –, segundo dados do IBGE de 2014. Apesar de ser maioria, essa parcela da população ganha menos da média do país, que é de 1.012,25 reais. A média de renda familiar per capita é de 753,69 reais entre os pretos, e 729,50 reais, entre os pardos. Os brancos têm renda média de 1.334,30 reais.
Outros dados também apontam desigualdade. Entre os desempregados, os negros (7,5%) e pardos (6,8%) são a maioria – brancos (5,1%). O trabalho infantil também é maior entre pardos (7,6%) e pretos (6,5%) que entre brancos (5,4%).

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