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» » Bom Senso FC ousa e cruza os braços no início dos jogos

Protestos de jogadores fazem 'noite histórica' por mudanças no futebol brasileiro

Organizados pelo grupo chamado Bom Senso FC, atos simbólicos pretendem pressionar a CBF a debater as reivindicações da categoria
  por  Redação RBA publicado 14/11/2013 10:26, última modificação 14/11/2013 12:02  
Wesley Santos
Jogadores de Grêmio e Vasco entraram em campo com a faixa do Bom Senso FC
Jogadores de Grêmio e Vasco entraram em campo com a faixa do Bom Senso FCO Bom Senso FC, movimento que reúne mais de mil jogadores e pede mudanças no calendário do futebol brasileiro, fez nesta quarta-feira o mais ousado protesto da história do futebol brasileiro.
Na 34ª rodada do Brasileiro, que pode consagrar o Cruzeiro como campeão, os jogadores literalmente cruzaram os braços.
Wesley Santos
Jogadores protestam contra o calendário nacional
Jogadores protestam contra o calendário nacional
Começando por Goiás x Ponte e Grêmio x Vasco, com a ideia de estender o protesto para os demais jogos, os atletas que começaram as partidas ficaram paralisados por cerca de 30 segundos após o apito inicial (ninguém foi punido pela arbitragem por isso).
Antes, na entrada em campo, exibiram faixas cobrando "bom senso" da CBF. A entidade irritou os líderes do movimento no encontro realizado no Rio há duas semanas pela falta de propostas concretas, principalmente para a temporada 2015.
E o plano é radicalizar os protestos. Caso não tenham suas reinvindicações atendidas, os jogadores vão aumentar o tempo de "braços cruzados". A cada rodada, o aumento de paralisação após o apito final irá crescer um minuto.
A reinvindicação mais urgente do grupo é a paralisação do calendário do futebol brasileiro nas datas Fifa, o que não acontece no país há anos. Outra prioridade é aumentar o calendário dos clubes menores, onde estão, segundo dados do Bom Senso, 85% dos 15 mil jogadores de futebol profissional no país.
ESPN
Jogadores de Goiás e Ponte Preta também levaram uma faixa
Jogadores de Goiás e Ponte Preta também levaram uma faixa

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Jogadores do Corinthians cruzam os braços durante partida contra o Coritiba, em ato de mobilização da categoria
São Paulo – Jogadores que atuaram em todas as sete partidas da noite de ontem (12) pelo Campeonato Brasileiro da série A fizeram protestos simbólicos bastante semelhantes entre si, num sinal claro de organização e disposição para debater melhores condições gerais para o esporte mais popular do país. Integrantes do grupo de jogadores chamado Bom Senso F.C. classificaram a data como "histórica".
Os atletas entraram em campo carregando faixas e, após o apito inicial dos árbitros,  rolaram a bola para, em seguida, cruzar os braços e ficar por alguns segundos parados. O ato pretendeu pressionar a CBF a convocar uma ampla negociação com os jogadores sobre as reivindicações da categoria – que inclui mudanças no calendário de todas as divisões do futebol profissional.
Em Itu, no interior paulista, onde jogaram São Paulo e Flamengo, o árbitro Alício Pena Júnior alertou que puniria todos os atletas que cruzassem os braços – a orientação ao árbitro foi dada pelo representante da CBF no local. A alternativa encontrada pelos jogadores foi fazer a bola rolar trocando passes longos de um lado a outro do campo por quase um minuto.
Um dos integrantes do Bom Senso, o zagueiro do Corinthians Paulo André disse que a noite de ontem marcou as primeiras de uma série de manifestações até que a CBF decida abrir as negociações com os jogadores, incluindo as emissoras de TV nas discussões. O atleta também disse que novos protestos devem ocorrer nos três jogos de hoje à noite que completam a rodada da Série A e nas partidas que abrem mais uma rodada da Série B, nesta sexta-feira (15).
"É um dia histórico para o futebol brasileiro. A Série B também vai ter protestos na sexta-feira. Agora a gente aguarda uma resposta da CBF", afirmou Paulo André. O zagueiro continuou: "Fomos claros no nosso comunicado e proposta. Sabemos que ano que vem é de sacrifícios, porque tem a Copa do Mundo. Mas se a CBF não assinalar mudanças para 2015, dificilmente a gente inicia o ano. É o que a gente disse em nota oficial. Vamos aumentar as manifestações à medida que não tivermos respostas", continuou.
O meia Elias, do Flamengo, criticou a tentativa da CBF de punir os que cruzassem os braços e deixou clara a intenção de ampliar o movimento. "Absurdo querer punir os 22 jogadores. Estamos dizendo claramente 'a ditadura acabou'." Outro líder do Bom Senso, o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo,  reforçou a necessidade de o futebol nacional mudar e disse esperar que o movimento não chegue ao ponto de uma greve .
"Nós queremos ser atendidos. O Brasil, como um todo, para sem o futebol. Para que vamos deixar chegar ao ponto de termos de fazer uma greve. Todos queremos o melhor para nós, para a imprensa, para as emissoras e, principalmente para o torcedor.", afirmou o camisa 1 são paulino.

Na base

Paulo André ressaltou que o Bom Senso não busca apenas ampliar o período de pré-temporada e reduzir o número de competições envolvendo os grandes times, mas principalmente criar melhores condições para os clubes menores, que jogam de três a quatro meses por ano.
"A gente exige um campeonato melhor, com menor número de jogos dos grandes, mas é fundamental aumentar do número de jogos dos times pequenos. Os atletas destas equipes ganham muito mal, passam aperto para receber seus salários, vivem quase como boias frias. As mudanças que queremos não é só férias e pré-temporada. Para existir uma boa Série A, tem de criar condições para os clubes pequenos também."
Rogério Ceni reforçou: "Não estamos reivindicando salários. É para melhorar o futebol como um todo. A gente quer ser compreensivo com o ano de 2014, por causa da Copa. O que a gente não quer é um ano de 2015 só de palavras. Há a necessidade de fazer um calendário muito melhor. Com mais atletas empregados durante o ano todo, já que as equipes pequenas jogam poucos meses por ano".

No intervalo da partida entre Grêmio e Vasco, os jogadores Elano e Fagner comentaram sobre o protesto realizado. "O Bom Senso é bom para o torcedor, bom para o futebol, é para fazer um calendário melhor", afirmou o atleta do clube gaúcho.

"Isso (Bom Senso) é importante para a gente ter um campeonato mais qualificado, com mais público nos estádios. É importante para o futebol em geral", afirmou Fágner.
Wesley Santos
Jogadores cruzaram o braço e não tocaram na bola durante um minuto após o apito inicial
Jogadores cruzaram o braço e não tocaram na bola durante um minuto após o apito inicial

A partida entre Botafogo e Portuguesa, no Maracanã, também foi marcada pelo protesto. Os jogadores cruzaram os braços como sinal da manifestação do Bom Senso FC, antes do apito inicial do confronto, diferente dos outros duelos em que paralisaram o jogo logo após o começo.

No outro jogo marcado para às 21h, Criciúma e Atlético-PR entraram no gramado já com a faixa do movimento. Assim que o árbitro Francisco de Almeida Filho autorizou o início, os atletas rolaram a bola e cruzaram os braços. O ato durou cerca de 30 segundos.

Após a vitória do Grêmio por 1 a 0 sobre a Ponte Preta, o goleiro Dida tocou no assunto. "A CBF tem a consciência do que estamos reivindicando. Não tem nada demais, é para o bem do futebol, o árbitro tem que pensar, os torcedores. É a situação que estamos passando nesse e no próximo ano, porque a situação tem que sempre ser revida para 2015", disse.


No intervalo do jogo entre São Paulo e Flamengo, em que os jogadores foram ameaçados de receber cartão amarelo em caso de manfestação, o volante Elias desabafou sobre as possíveis advertências por parte da CBF.
"Acho que a ditadura acabou. A gente tem que ir contra esses ditadores. Ameaçaram os 22 de tomar cartão amarelo", falou o jogador do clube carioca.


Por ESPN.com.br

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