Durante quase uma hora o Papa respondeu às
perguntas dos jornalistas presentes no voo entre Colombo e Manila, nesta
quinta-feira (15/01).
Por Rádio Vaticano.
16/01/2015
Cidade do Vaticano (RV) - Na primeira parte da coletiva, Francisco falou
sobre a sua próxima encíclica, que deverá ser publicada entre junho e
julho, e abordará o tema da Ecologia.
“No final de março devo concluir. Aí mandarei para as traduções. Se
tudo correr bem, no meio do ano será publicada. Gostaria que fosse
publicada antes da Conferência sobre o clima de Paris em dezembro deste
ano, já que a Conferência do Peru me desiludiu”, disse Francisco
referindo-se “a uma falta de coragem dos líderes mundiais em tomar uma
atitude corajosa para reverter os efeitos das mudanças climáticas” na
conferência da ONU em Lima, no final do ano passado.
Amazônia pulmão do mundo
Francisco citou sua experiência como relator final do Documento da
Conferência de Aparecida como ponto de referência para entender uma
questão essencial quando se fala em mudança climática: a preservação das
florestas.
“Em grande parte é o homem que golpeia a natureza continuamente. Se você a golpeia, ela também te golpeia. Acredito que abusamos demais da natureza. Desmatamentos, por exemplo. Recordo de Aparecida, em 2007. Naquele tempo não entendia bem este problema. Quando ouvia os bispos brasileiros falarem do desmatamento da Amazônia, não entendia bem, mas a Amazônia é o pulmão do mundo”, lembrou o Papa.
Pobres no centro da viagem às Filipinas
Sobre a segunda etapa desta 7ª Viagem Apostólica, a ser cumprida nas Filipinas, o Papa não hesitou quando questionado sobre o objetivo principal de sua missão: os mais necessitados.
“Os pobres que querem ir adiante, os pobres que sofreram com o tufão Yolanda e que ainda hoje sofrem as consequências. Os pobres que têm fé e esperança na comemoração dos 500 anos da primeira pregação do Evangelho nas Filipinas. Também os pobres abusados que afrontam tantas injustiças sociais, espirituais e existenciais”, refletiu Francisco.
Aberração
Ao entrar no tema da liberdade de religião e da liberdade de expressão, Francisco pediu para que se falasse sem temores ao jornalista que introduziu a questão. “Você é francês?”, perguntou Francisco. “Falemos claramente, vamos a Paris” E prosseguiu: “Não se pode ofender, fazer guerra e matar em nome da própria religião, ou seja, em nome de Deus. Isso é uma aberração. Matar em nome de Deus é uma aberração. Acredito que este seja o ponto principal sobre a liberdade de religião: com liberdade, sem ofender e sem impor e matar”, advertiu o Papa.
Sobre o limiar que separa a liberdade de expressão do bom senso, Francisco defendeu a fé, afirmando que todas as religiões devem ser respeitadas.
“Temos a obrigação de falar abertamente, temos esta liberdade. Mas sem ofender. Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros, não se pode ridicularizar a fé”, conclui o Papa.