Capa

Capa
» » » » » » INSS | GREVE CONTINUA | Greve dos peritos completa 105 dias

Na região, cerca de 7,5 mil perícias foram atrasadas por conta da paralisação 

por Jornal Tribuna do Norte, Edição 7.460 publicado 17/12/2015 22:51
A greve dos médicos-peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) completa hoje 105 dias e nas contas dos grevistas, cerca de 7,5 mil perícias deixaram de ser realizadas nas agências de Apucarana, Arapongas e Ivaiporã. 
Em todo o Brasil, a estimativa do próprio INSS é que mais de 1 milhão de exames tenham sido cancelados desde o início da paralisação, em 4 de setembro. De acordo com médicos da categoria, as negociações não avançaram e não há previ-são de acordo. 
O número de perícias afetadas é baseado na quantidade média de perícias realizadas nos 71 dias úteis que eles deixaram de atender. Na região, de 10 profissionais que realizam o trabalho, apenas três estão atendendo, um em cada município. Em Apucarana, são cinco peritos responsáveis pelos exames e apenas um continua em atividade o que torna complicada a vida de segurados como Maria Cristina Pitta Mourinho Ferreira, 47 anos. 
Há pouco mais de quatro meses Maria descobriu que estava com síndrome do túnel carpo na mão direita, causado pelo movimento repetitivo que ela exerce no frigorífico onde trabalha. A doença causa dormência, formigamento, fraqueza ou danos musculares na mão e nos dedos. Impossibilitada de trabalhar, Maria pediu afastamento da empresa em julho deste ano, para iniciar seu tratamento.
 "Fiz a perícia em 3 de setembro e dei entrada na CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) para conseguir auxílio acidente ou amolo doença. Eu não tinha essa doença antes de trabalhar no frigorífico", conta. 
Maria Cristina fez o exame pericial um dia antes de a categoria declarar greve, o que atrapalhou o andamento do processo. "O médico pediu mais dois laudos, mas no outro dia eles entraram em greve. O outro exame foi remarcado mas não tinha perito para me atender e remarcaram para 14 de setembro e novamente não fui atendia. Por causa disso não tive direito a auxílio doença, acidente nem nada”, conta.
“Estou esse tempo todo sem receber e tendo que arcar com consultas médicas particulares para conseguir atestado para mandar para o trabalho e medicamentos. Acho um desrespeito porque eu sou contribuinte e quando mais preciso do serviço acontece isso", desabafa. 
Segundo o INSS, foram remarcadas em todo o País 1.047.239 perícias de setembro a novembro e o tempo médio de espera para o agendamento da perícia médica passou de 20 para 63 dias, por causa da paralisação. 
Classe pede concurso e reajuste
O médico apucaranense e delegado da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP), Cláudio Roberto Dias, explica que os profissionais que continuam trabalhando integram a parcela de 30% de profissionais que devem atender a população. Todas as gerências do país também trabalham com essa porcentagem. De acordo com Dias, a categoria aguarda o avanço das negociações. Dias ressalta que até agora o INSS não sinalizou se vai acatar as reivindicações. 
“O grande problema é que a agente acaba ficando como bandido da história. Parece que a má vontade é nossa, mas não é. Existe em nível de Brasil déficit  2,5 mil de peritos. Pedimos que sejam feitos novos concursos para melhorar o atendimento. Com melhoria da nossa profissão vai fazer com que exista melhora no atendimento", assinala.
Dentre as principais reivindicações estão reajuste salarial de 27,5%, o que corresponde aos quatro anos de defasagem da categoria. Já o Governo Federal ofereceu 21%, distribuídos em quatro anos, proposta que foi recusada pela categoria.  O médico diz que não há previsão de acordo entre profissionais e governo. “Estamos dispostos a sentar e conversar mas o INSS não abre brecha”, conclui.
Em assembléia geral extraordinária eletrônica da ANMP, realizada em 15/12, a categoria votou pela manutenção da greve.

«
Próximo
Postagem mais recente
»
Anterior
Postagem mais antiga