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» » » » PARANA | MUDANÇA | Governo do Paraná anuncia saída de Fernando Francischini da Segurança

Anúncio foi feito nesta sexta (8); Francischini estava no cargo desde janeiro. Delegado da Polícia Federal Wagner Mesquita assume interinamente.

Reprodução G1 Pr publicado 07/05/2015
(Foto: RPC/Reprodução)
O Governo do Paraná anunciou, nesta sexta-feira (8), a troca do secretário de Segurança Pública – sai Fernando Francischini e entra Wagner Mesquita interinamente. A mudança ocorre em meio à crise envolvendo a Polícia Militar (PM) que entrou em confronto com os professores, deixando mais de 200 pessoas feridas em Curitiba. De acordo com o governo estadual, Franscischini pediu demissão.
Mesquita é delegado da Polícia Federal e atuava como coordenador da Área de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública. Francischini havia sido nomeado para o segundo mandato do governandor Beto Richa (PSDB), que começou em janeiro deste ano.
Na quinta (7), o comandante-geral da Polícia Militar do Paraná César Vinícius Kogut  entregou o cargo. O coronel Carlos Alberto Bührer Moreira, chefe do Estado Maior da PM, vai assumir as funções de Kogut interinamente.
O secretário de Educação do Paraná, Fernando Xavier, também pediu demissão, na quarta-feira (6). Ele foi substituído pela superintendente da pasta Ana Seres Trento Comim, professora há mais de 40 anos.
Policiais que faziam um cerco ao prédio da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) entram em confronto com manifestantes em Curitiba, durante protesto contra votação de projeto que promove mudanças na Previdência estadual (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)Policiais que faziam um cerco ao prédio da Assembleia Legislativa do Paraná entram em confronto com manifestantes em Curitiba, durante protesto contra votação de projeto que promove mudanças na Previdência estadual (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)
Carta de demissão
Na carta de exoneração, Francischini ressalta que houve avanços durante o tempo em que ficou à frente da pasta e que as áreas de Segurança Pública e de Administração Penitenciária estão no rumo certo.
"Finalizo, assumindo novamente e publicamente todas as minhas responsabilidades, na atuação policial nas últimas operações, apoiando o trabalho da tropa. No entanto, ressalto que mesmo com as reações adversas, continuo defendendo uma apuração rigorosa tanto da polícia quanto do Ministério Público para que ao final a verdade prevaleça", diz um trecho do documento.
*Confira no fim da matéria a carta na íntegra.
Confronto
O conflito aconteceu no dia 29 de abril quando os professores protestavam em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) contra o projeto do governo estadual que mudava a forma de custear a ParanaPrevidência, o regime da Previdência Social dos servidores do estado. A greve da categoria foi motivada pela mesma razão.
Manifestantes e Tropa de Choque entraram em confronto (Foto: Giuliano Gomes/Agência PRPRESS)Manifestantes e Tropa de Choque entraram em confronto (Foto: Giuliano Gomes/Agência PRPRESS)
Em carta ao governador, na quarta-feira, o comandante-geral da PM, César Vinícius Kogut, relatou que Francischini participou do planejamento da operação realizada pela corporação, que culminou no confronto. O então comandante afirmou que a operação foi aprovada pela Secretaria de Segurança Pública e Administração e que Francischini era informado das consequências da ação.
Já Francischini havia convocado uma entrevista coletiva na segunda-feira (4) para falar sobre o confronto. Ele disse que a ação foi comandada pela PM e lamentou o ocorrido.
"Não tem justificativa. As imagens são terríveis. Nunca se imaginava que um confronto como esse terminasse de maneira tão lastimável, com as imagens que nós vimos. Nada justifica lesões, vítimas, de ambos os lados", disse.
Post na rede social
Flavia Francischini, esposa do agora ex-secretário de Segurança Públicou, postou um desabafo na sua página no Facebook nesta semana: “Um bom político trabalha e age por si só, não depende de homens sujos, covardes, que não honram as calças que vestem e precisam agir sempre em grupo, ou melhor quadrilha”.
Post feito pela mulher de Fernando Francischini feito nesta semana no Facebook (Foto: Reprodução Facebook)Post feito pela mulher de Fernando Francischini feito nesta semana no Facebook (Foto: Reprodução Facebook)
Greve
Com a paralisação, quase um milhão de alunos estão sem aula em todo o estado. A Justiça chegou a determinar o retorno imediato dos professores às salas de aula, mas o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) entrou com recurso.
Em entrevista, a nova secretária de Educação disse que o mais importante em um primeiro momento é a retomada das aulas e a reposição do calendário escolar. Na quinta, ela se reuniu com os professores, mas o encontro terminou sem acordo.
Os professores da rede pública estadual estão em greve desde o dia 25 de abril.
Governador Beto Richa fala sobre a greve dos professores no Paraná (Foto: Reprodução/RPC)Governador Beto Richa sancionou a lei um dia
depois do confronto (Foto: Reprodução/RPC)
Lei sancionada
Apesar do conflito, no mesmo dia, os deputados aprovaram o texto em segundo turno e em redação final. No dia seguinte, o governador sancionou a lei.
O objetivo é dar fôlego ao caixa da administração estadual, proporcionando economia de R$ 125 milhões por mês.
Em janeiro deste ano, a ParanaPrevidência pagava R$ 502.185.821,98 mensais em aposentadorias e pensões nos três fundos que a compõem: o Militar, o Financeiro e o Previdenciário.
Tatuagem apagada
Em janeiro, a tatuagem de Francischini foi apagada por meio de edição de imagens em fotos de divulgação do Corpo de Bombeiros. Trajado com a farda de verão da corporação, Francischini visitou os guarda-vidas em Matinhos, no litoral do estado, deixando exposto o desenho de um dragão no braço esquerdo.
À época, ele afirmou que estava mais preocupado com os índices de criminalidade do estado e chamou a pessoa que fez a remoção da tatuagem nas fotos de "personal stylist" – profissional que cuida do estilo e elegância do cliente.
Fernando Francischini acompanha o trabalho de guarda-vidas com e sem tatuagem (Foto: Daniel Meneghetti/Polícia Militar do Paraná/Divulgação)Fernando Francischini teve a tatuagem removida em foto de divulgação do Corpo de Bombeiros (Foto: Daniel Meneghetti/Polícia Militar do Paraná/Divulgação)
Leia a carta na íntegra:
"Exmo. Governador Beto Richa,
            Gostaria inicialmente, mesmo neste momento de dificuldade, rememorar os avanços na área de segurança pública que merecem destaque:
1) Polícia Civil
a) Encaminhamos para Vossa Excelência, com nosso parecer positivo, o Estatuto da Polícia Civil do Paraná; nele constam os avanços importantes para os profissionais da área, como a regulamentação das carreiras e seus direitos; A necessidade de Bacharelado em Direito para o concurso de escrivão de polícia, o reconhecimento dos peritos papiloscópicos, a padronização do subsídio de delegados de polícia para remoções de todas as categorias profissionais;
b) Encaminhamento, com parecer positivo da secretaria, da equivalência das carreiras jurídicas de Estado com os delegados de polícia;


2) Polícia Científica:
      a) Encaminhamento da PEC de recriação da Polícia Científica no Paraná;
     b) Enquadramento e encaminhamento das Promoções dos Peritos Oficiais e Auxiliares de perícia

3) Polícia Militar e Corpo de Bombeiros:
     a) Encaminhamento de uma proposta inicial da Lei de Promoção de Praças, a ser amplamente debatida;
    b) Negociação para implantação das promoções e progressões dos Policiais Militares atrasadas;

4) Polícia Penitenciária:
   a) Regulamentação do porte de arma e da identidade funcional;
  b) Estruturação do setor de engenharia para correção dos projetos de construção e ampliação dos presídios;

5) Resultados Importantes:
  a) Diminuição brutal dos roubos e explosões de caixas eletrônicos, que aconteciam diariamente, com diversas prisões de “gangues da dinamite” e a apreensão de fuzis, e explosivos. Em janeiro foram 25 explosões e em abril foram 9.
b) Fim das mega rebeliões em presídios com a proibição de remoções de presos, principalmente aquelas que aconteciam a critério das facções criminosas;
c) reforço substancial no Departamento de Inteligência do Estado do Paraná, triplicando o número de policias.
d) Recordes de apreensão de toneladas de drogas, mais de 400 bandidos detidos em operações policiais e a prisão de centenas de traficantes que influenciaram diretamente na redução drástica de homicídios em várias cidades do Paraná, inclusive em Curitiba, resultando no melhor resultado dos últimos 9 anos.

Tenho convicção de que a segurança pública e administração penitenciária estão no rumo certo, para o alcance dos interesses do Estado e da Sociedade.
  
Mesmo com todos estes resultados, venho agradecer a confiança de Vossa Excelência, mas, para colaborar com a governabilidade do nosso Estado, peço exoneração de minha função, convicto de que as ações até agora tomada se deram a favor do interesse público. Dentro da legalidade, em garantia da ordem pública.
Finalizo, assumindo novamente e publicamente todas as minhas responsabilidades, na atuação policial nas últimas operações, apoiando o trabalho da tropa. No entanto, ressalto que mesmo com as reações adversas, continuo defendendo uma apuração rigorosa tanto da polícia quanto do Ministério Público para que ao final a verdade prevaleça. 

Confiante em seu trabalho e na sua capacidade de liderança para superar este momento de crise, coloco-me a inteira disposição das causas paranaenses no Congresso Nacional e agradeço cada profissional da segurança pública e da Administração Penitenciária pelo apoio e respeito concedidos.
FERNANDO FRANCISCHINI"
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Protesto no Paraná (Foto: Giuliano Gomes/ PRPRESS)Mais de 200 pessoas ficaram feridas no confronto com a Polícia Militar (Foto: Giuliano Gomes/ PRPRESS)

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