Capa

Capa
» » » » » » » » GAECO | ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA | Delator diz que poucos fiscais não participaram do esquema; “custo Curitiba” encarecia a propina

Souza é considerado uma das figuras importantes na “organização criminosa” que atuava na Receita Estadual de Londrina. 

Reprodução Jornal de Londrina by  publicado 11/06/2015
O auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, em seu acordo de delação premiada, disse que desde quando começou a trabalhar na Receita Estadual, em 1985, já existia esquema de corrupção envolvendo a cobrança de propina para não cobrar impostos das empresas que deveriam ser fiscalizadas. Conforme Souza, entre 30% e 40% do valor obtido pelo fiscal corrupto com a extorsão era destinado à inspetoria regional de fiscalização – cargo que ele ocupou. O restante – de 60% a 40% – ficava para o fiscal. Quem escolhe as empresas a serem “trabalhadas” no sentido de arrecadação de propina é o inspetor de fiscalização.
O auditor Luís Antônio, no dia em que foi preso pelo Gaeco
 (Crédito: Roberto Custódio/Arquivo JL)
Souza é considerado uma das figuras importantes na “organização criminosa” que atuava na Receita Estadual de Londrina. Ele é lembrado pela sua organização. Antes mesmo de virar réu colaborador, Souza já contribuiu bastante com o Gaeco: nos arquivos de um computador apreendido em janeiro, quando Souza foi preso em flagrante, em um motel, prestes a fazer um programa sexual com uma adolescente, existe um arquivo chamado “lista das empresas trabalhadas”. Lá estão nomes de empresas e auditores que as fiscalizaram. O “trabalhadas” do título da lista refere-se a empresas que teriam pagado propina para sonegar impostos.
Conforme Souza, “alguns poucos fiscais da Receita não são corruptos”.
Na cadeia alimentar dos desonestos, ele apresenta também os casos dos “incompetentes”, auditores que até tentam obter propina de empresários que devem para a Receita, mas não conseguem fazer o acordo. Talvez seja por isso que, segundo Souza, a maioria dos corruptos participe do que ele chama de “sistema de arrecadação de propina”, que é esse que obriga o fiscal a dividir o butim com o inspetor regional de fiscalização.
Nesse organograma, o inspetor regional divide com o delegado a fatia que lhes cabe, de 30% a 40% da propina e 10% são enviados ao inspetor geral de fiscalização, o chefe da fiscalização no Estado. O esquema é tão “naturalizado” dentro da estrutura, que conforme o delator, os auditores até torcem para terem chefes corruptos, o que daria tranquilidade para eles “trabalharem” na prospecção da propina.
“Custo Curitiba”
Segundo diversos relatos de empresários que pagaram propina para evitar pagar mais impostos, um dos argumentos dos auditores fiscais corruptos para não baixar o valor da propina era a necessidade de repassar uma parte do dinheiro para a chefia de Curitiba. Os auditores teriam dito a eles que não poderiam reduzir o valor porque tinham que dividir com o grupo ou os “lá de cima”. Com isso, o “custo Curitiba”, que conforme Souza correspondia a 10% de cada extorsão, ajudava a encarecer a propina. Ainda assim, saía mais barato que pagar o imposto.

«
Próximo
Postagem mais recente
»
Anterior
Postagem mais antiga