AUTOMOTIVO
GM diz a Mantega que demissões em São José dos Campos são irreversíveis
GM comunicou Guido Mantega que, apesar de produção e lucros em alta, insistirá em demitir metalúrgicos |
Manoel Dias se comprometeu a agendar reunião com os ministros da Fazenda e da Secretaria-Geral da Presidência da República. Trabalhadores organizam protestos e assembleia para quarta-feira
por assecom com viviane claudino, da rba publicado 06/01/2014
ANTONIO CUNHA/SINDMETAL
São Paulo – Representantes dos trabalhadores da General Motors em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, reuniram-se hoje (6) com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, para cobrar medidas contra as demissões na montadora, após fechamento do setor de Montagem de Veículos Automotores (MVA) na unidade do interior paulista.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, Dias comprometeu-se a conversar com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. "Não é possível que o governo autorize uma empresa beneficiada com incentivos fiscais a demitir em massa no nosso país", disse Macapá, ao informar que somente nos últimos dois anos, cerca de R$ 6,7 bilhões deixaram de ser arrecadados com o programa de redução do imposto no setor automobilístico.
“São investimentos que poderiam ir para a saúde, educação, transporte. As multinacionais não precisam dessa ajuda e o mínimo que governo tem de fazer é garantir os empregos dos trabalhadores”.
Nesta quarta-feira (8), às 10h, os trabalhadores farão uma assembleia na sede do sindicato. Eles também realizar uma passeata. Os sindicalistas querem a suspensão das demissões e estabilidade de emprego.
Os representantes do sindicato ainda não sabem informar quantos trabalhadores foram demitidos. “Estamos recebendo ligações diárias de trabalhadores informando o desligamento, mas a GM não informou o número de demissões. Nós, do sindicato, sequer fomos informados”, disse Macapá.
Segundo informações do sindicato, são 6,6 mil trabalhadores em toda a fábrica de São José. No dia 28 de dezembro, os sindicalistas solicitaram um encontro com representantes da empresa, mas não tiveram retorno.
Os trabalhadores também cobraram, em reunião realizada na sexta (3) com o secretário estadual do Emprego e Relações de Trabalho, Tadeu Morais, uma posição do governo paulista. Segundo nota da secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, o secretário afirmou que vai intermediar um encontro do sindicato com Luiz Moan, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e diretor de Assuntos Institucionais da GM.
“Fiz minha vida profissional apoiado na luta a favor dos trabalhadores, e sei que o governador Geraldo Alckmin quer estar ao lado dos demitidos nesse momento e oferecer a melhor alternativa possível”, disse Morais em nota.
Histórico
As demissões na montadora ocorreram após a suspensão da produção do veículo Classic e fechamento do setor conhecido como MVA. Em agosto do ano passado, a montadora já haviadecidido romper um acordo firmado com o sindicato, em janeiro, que assegurava a manutenção dos postos de trabalho no setor e produção do Classic, até o final de dezembro de 2013, mas retomou a produção do carro, após a mobilização dos trabalhadores.
Em setembro, a GM anunciou a abertura de um plano de demissões voluntárias (PDV) em todos os setores da fábrica. Os trabalhadores do MVA que não optassem pela adesão ao PDV teriamlicença remunerada até 31 de dezembro. Segundo informações do sindicato, 304 trabalhadores aderiram ao PDV.
No dia 20 de dezembro, metalúrgicos receberam um telegrama da empresa, que concedia férias coletivas até dia 19 de janeiro e informava sobre o retorno ao trabalho no dia 20, mas após uma semana todos os funcionários receberam uma carta comunicando a demissão.
Segundo os trabalhadores, em junho, foi assinado um acordo para que a montadora investisse R$ 2,5 bilhões em uma nova fábrica na região, o que poderia criar 2500 empregos. “Cobramos que governo pressione a GM a cumprir sua parte do acordo”, disse Macapá.