ARAPONGAS Educação
Arapongas tem o maior número na região de estudantes de outros países. Crianças se adaptaram bem ao idioma.
Blog, em 02/06/2014
Por Thamiris Geraldini - Tribuna do Norte
(Foto: Alberto Leandro)
Por Thamiris Geraldini - Tribuna do Norte
(Foto: Alberto Leandro)
Arapongas é o município da região com o maior número de alunos estrangeiros matriculados na rede pública de ensino. É o que aponta um levantamento do Núcleo Regional de Educação (NRE), de Apucarana, que abrange a cidade.ESTRANGEIROS
20 alunos matriculados: 09 na rede estadual e 11 na rede municipal.Arapongas tem estudantes do Haiti, Argentina, Paraguai, Bolívia, EUA, Angola, Líbano, Japão e Portugal.
Na rede estadual, nove alunos de fora do país estão frequentando as aulas. Na rede municipal, o número é ainda maior: são onze crianças matriculadas.
"Apenas uma escola solicitou um intérprete, mas ele não precisou ficar muito empo no estabelecimento. Como são crianças pequenas, a adaptação é muito rápida. A socialização com os alunos também foi excelente", diz a diretora geral da Secretaria Municipal de Educação, Elaine Heringer Vilella da Silva.
Projeto ensina português a haitianos.
- Um projeto desenvolvidos por professores de Arapongas tem ajudados haitianos a aprenderem a língua portuguesa. Todos os professores são envolvidos e ministram aulas aos fins de semana.
- De acordo com o presidente da Associação de Haitianos de Arapongas, Bazelais Jean François, a cidade tem cerca de 300 Haitianos instalados. "Muitos desconhecem o português, mas como querem boas oportunidades profissionais, tem tentado aprender a língua", conta.
- O projeto surgiu de uma parceria entre a proprietária de uma escola de idiomas da cidade, Mirella Carla Vieira Uliana, e a professora de português Viviane Vieira Yokomizo. "O seu Bazelais procurou o pessoal da Igreja Católica para ver a possibilidade de ajudarem no ensino da língua portuguesa aos haitianos. Foi aí que procuraram a Mirella, que é a proprietária da escola e ela me procurou", explica a Viviane.
- Atualmente as professoras dão aulas a cerca de 70 haitianos. As aulas acontecem no sábado à noite e no domingo de manhã.
O principal motivo da vinda de estrangeiros para o Brasil é a busca por oportunidades profissionais. É o caso de haitianos que buscaram refúgio no Brasil após o terremoto registrado em 2010. Os irmãos Rose Danica, 7, e Keensky Jean François, 9, são um exemplo em Arapongas. O pai Bazelais Jean François está na cidade desde 2011, mas somente após sua adaptação com a língua foi que ele trouxe o restante da família para o Brasil, em 2012. "Vim para trabalhar, mas primeiro quis conhecer a realidade do país antes de buscar a família. Depois de já estar familiarizado e falando bem o português, busquei os filhos e a esposa", conta.
A diretora da escola municipal Albor Pimpão, Anterley Gonçalves Queiroz diz que no começo a adaptação dos alunos foi difícil. Como eles nunca tinham qualquer contato com o português e se comunicavam em francês e crioulo, as próprias professoras não conseguiam entendê-los. "Eles choravam muito e falavam com a gentena língua deles, mas não entendíamos absolutamente nada. Nosso braço direito foi o pai, seu Bazelais, que foi totalmente presente no primeiro mês que as crianças vieram para a escola. Ele foi o nosso intérprete, acompanhou os filhos até que eles estivessem adaptados ao novo ambiente escolar".
Hoje os dois estão no segundo ano, falam e entendem bem o português. "Eu goto do Brasil. Acho a língua difícil, mas meu pai me ajuda. Agora os meus amigos da sala me pedem para ensinas palavras do francês e do crioulo para eles e também me ajudam com o português", conta Kensky.
Domínio Básico da língua - Apesar de haver casos onde os alunos chegaram ao Brasil sem saber nada do português, a maioria, no entanto, tem pais brasileiros que optaram por retornar ao país de origem. Assim já tinham contato com a língua.
Na escola municipal Júlio Savieto, a que mais tem alunos estrangeiros no município - são seis -, os irmãos portugueses Pietro, 8, e Jun Cesar Martins Costa, 9, também são exemplo de adaptação. Apesar de o "português de Portugal" ser muito parecido com o "português do Brasil", no começo eles sentiam dificuldades em se comunicar, mas,aos poucos, com o auxílio da mãe que é brasileira, acabaram aprendendo. "Tem muita palavra aqui que é diferente de lá. No começo era difícil acostumar a falar ônibus ao invés de autocarro e geladeira ao invés de frigorífico. Mas mesmo quando a gente morava em Portugal, a nossa mãe sempre nos ensinava o português daqui, então chegamos no Brasil já sabendo algumas coisas", diz Juan.
A diretora da escola, Kátia Aparecida Simei, diz que apesar de ter muitos alunos estrangeiros sendo alfabetizados, todos já chegaram a escola sabendo pelo menos o português básico. "Todos conseguem se comunicar e entender bem o que os amiguinhos e as professoras dizem", completa.