Este não é o primeiro órgão governamental que põe em xeque a confiabilidade da homeopatia.
12/03/2015
Após analisar 225 estudos, a National Health and Medical Research Council(NHMRC) disse com todas as letras: homeopatia não é efetiva para tratar qualquer tipo de doença.
Veja um trecho do posicionamento da instituição, divulgado nesta quarta (11):
"Com base na análise de evidências sobre a efetividade da homeopatia, o NHMRC conclui que não há doenças para as quais existem evidências de que a homeopatia seja efetiva", diz o comunicado.
A instituição disse, ainda, que pessoas que optam pela homeopatia podem estar colocando a saúde em risco ao rejeitarem ou atrasarem "tratamentos comprovadamente eficazes e seguros".
O chefe do comitê de pesquisa sobre homeopatia do NHMRC disse ao jornal Guardianque acredita que muitas pessoas irão contestar o posicionamento da instituição. "Muita gente dirá que isso tudo é uma conspiração do establishment", afirmou.
A posição do órgão, é claro, contraria uma infinidade de estudos que concluem que a homeopatia é efetiva. Mas estes estudos, diz o NHMRC, são "mal conduzidos, mal planejados e não têm o número de participantes suficientes para permitir conclusões confiáveis".
Este não é o primeiro órgão governamental que põe em xeque a confiabilidade da homeopatia.
Em 2010, o Comitê de Ciência e Tecnologia do parlamento do Reino Unido lançou um comunicado dizendo que os tratamentos homeopáticos não são efetivos.
Nos Estados Unidos, o National Institutes of Health diz que "há poucas evidênciasde que a homeopatia seja um tratamento efetivo para qualquer doença específica", como lembra a Time.
No meio científico, a homeopatia também encontra mais detratores que defensores. Uma das revistas científicas mais conceituadas do mundo, o Lancet, publicou um editorial massacrando a prática em 2005 que é lembrado até hoje.
Entenda
A homeopatia foi criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1853) com base na ideia de que as mesmas substâncias que provocam uma determinada doença em alguém saudável podem provocar também a cura em uma pessoa doente.
Em sua obra-prima, o Organon (1810), ele especifica que as substâncias devem ser dinamizadas, isto é, diluídas até que não restem mais resquícios da substância na solução. Alguns remédios chegam a ser diluídos mais de mil vezes, na razão de uma parte de essência medicinal para 99 partes de diluente.
Por isso tamanha polêmica: como relata esta reportagem da Superinteressante, diluir uma substância, em geral, diminui a intensidade de sua ação. Mas, para os homeopatas, quanto mais diluído, mais potente o remédio.
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