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» » » » » ARAPONGAS | POLO MOVELEIRO | Indústria moveleira busca saídas para atravessar a crise

Setor teve em 2015 a maior queda na produção em 12 anos. Polo de móveis de Arapongas investe em novos produtos e canais de venda

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  •  Especial para a Gazeta do Povo
A fabricação de móveis no Paraná registrou em 2015 o pior ano da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2003. A queda de 18,9% foi superior à média nacional (-14,7%) e o dobro da verificada no primeiro ano da pesquisa (-9,3%), até então o maior tombo do setor.
O desempenho negativo é reflexo da crise econômica, que derrubou no ano passado a produção de 12 das 13 atividades industriais pesquisadas no estado. Em um ano tão ruim, o mercado de trabalho no setor moveleiro sentiu o baque. No polo de Arapongas (Região Norte), o principal do Paraná e que abrange 37 cidades, as indústrias de móveis fecharam cerca de 2 mil empregos em 2015. Ao todo, elas empregam 21 mil pessoas.


O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Mobiliário de Arapongas (STICMA), Carlos Roberto da Cunha, diz que o choque maior da crise foi sentido por quem é menor no mercado. “O trabalhador e o pequeno empresário sentiram mais esse impacto”, afirma.
Para o consultor do Sebrae de Arapongas Júlio César Rodrigues, a crise afetou linearmente todos no setor, mas ele concorda que os pequenos negócios foram realmente os mais atingidos. Um reflexo disso foi o aumento na procura por serviços especializados do Sebrae sobre como atravessar este momento marcado pela queda nas vendas e na intenção de consumo como um todo.


Cerca de 100 empresas moveleiras de pequeno porte são atendidas hoje por consultores do Sebrae. “Para ultrapassar a crise, as empresas estão desenvolvendo novos produtos, buscando novos nichos no mercado e procurando agregar valor aos produtos que já vinham sendo desenvolvidos”, cita.
É isso que as empresas do polo de Arapongas estão tentando fazer, com investimento em tecnologia e redução de custos para se tornarem mais competitivas, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), Irineu Munhoz. A busca por novos canais de venda, como o e-commerce, é outro exemplo, conta Rodrigues. “Os pequenos negócios estão tirando o foco do lojista, a venda tradicional com representante”, assinala.
Polo moveleiro de Arapongas fechou 2 mil postos de trabalho em 2015.  -  Divulgação

Modernização

O ano de 2015, para muitas empresas, foi um ano não só de estagnação, mas de perdas também. Na Combinari, fábrica de móveis decorativos de Arapongas, a gestão buscou formas de reduzir a queda no faturamento em decorrência dos tempos de crise. “Não é a primeira crise que enfrentamos, esperamos que passe, como as outras. Mas é uma crise diferente, antes, era só econômica. Agora, temos fatores sociais também”, observa o gerente da empresa Marcos Aurélio Tudino.


Tendo em vista esse cenário, a alternativa encontrada para atravessar este momento foi a inovação na linha de produtos, foco no atendimento ao cliente e adesão ao comércio digital.
“As vendas pelo e-commerce se mantêm mais estáveis que as vendas físicas. Enquanto a loja física fica aberta cerca de 8 horas por dia, no e-commerce, as vendas são 24 horas, 365 dias por ano, com custos menores e mais variedade”, compara o gerente.
As mudanças também ocorreram no chão de fábrica. Depois de reduzir pouco mais de 20% do número de funcionários, a empresa passou por uma modernização na área de produção. “Melhoramos o ambiente de trabalho, o climatizamos, para fidelizar quem está conosco”, afirma Tudino. Hoje, a Combinari tem 48 funcionários.
O gerente diz que, ao contrário de outras empresas do mesmo porte que tiveram queda de 50% no faturamento, a fábrica registrou uma redução de 20%. Ele atribui isso às ações desenvolvidas com apoio do Sebrae.
“Agora, estamos nos estabilizando de acordo com o momento do mercado. Não temos previsão de quando vamos voltar a ter os números de 2012 e 2013, quando crescemos muito, mas temos fé que um dia vamos retomar isso”, diz Tudino, ao ponderar que se hoje o mobiliário é visto como algo supérfluo por parte dos consumidores, uma demanda reprimida está sendo criada e deverá ser atendida futuramente.

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