O dinheiro ia em malas ou mesmo amarrado ao corpo do “transportador”.
Reprodução Gazeta do Povo - blog Baixo Clero, do jornalista Fábio Silveira publicado 15/05/2015
O auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, que foi inspetor de fiscalização na Delegacia da Receita Estadual de Londrina, acertou um acordo de delação premiada com o Ministério Público e passou a colaborar com as investigações. As informações são do blog Baixo Clero, do jornalista Fábio Silveira, do Jornal de Londrina.
Souza, que foi o primeiro a ser preso, em janeiro deste ano, está colaborando com as investigações em várias frentes, das denúncias de favorecimento para a prostituição de adolescentes e estupro de vulneráveis, aos casos de corrupção praticados pelos auditores fiscais e que são investigados pelaOperação Publicano, do Gaeco de Londrina. Ele é considerado peça importante no suposto esquema de sonegação de impostos, investigado na Operação Publicano devido ao cargo que exercia na Delegacia, como inspetor regional de fiscalização.
O Ministério Público confirmou o encaminhamento do acordo, mas não informou detalhes a respeito do teor das declarações prestadas por Souza.A colaboração, que ainda está sendo avaliada pela 3ª Vara Criminal de Londrina, começou há cerca de duas semanas e já rendeu 28 horas de depoimentos gravados em cinco encontros. Novos depoimentos devem ser prestados na próxima semana. De acordo com Eduardo Duarte Ferreira, advogado de Souza, o seu cliente avalia que em uma década o esquema pode ter resultado na sonegação R$ 500 milhões em ICMS só na área da Delegacia Regional da Receita.
Foto: Roberto Custodio/Jornal de Londrina |
Viagem para a capital
Parte da propina arrecadada pelos auditores fiscais investigados na Operação Publicano, do Gaeco de Londrina, ia para Curitiba. De acordo com o ex-inspetor regional de fiscalização da Delegacia da Receita Estadual em Londrina, Luiz Antônio de Souza, nas declarações prestadas dentro de um acordo de delação premiada, 10% da propina era levada para a capital ou de carro ou de avião. O dinheiro ia em malas ou mesmo amarrado ao corpo do “transportador”. O próprio Souza admitiu ter levado o “pagamento” para Curitiba. Os destinatários seriam superiores hierárquicos dos auditores.
Souza está colaborando com as investigações há cerca de duas semanas. Em entrevista exclusiva ao JL e à RPC, o advogado Eduardo Duarte Ferreira, defensor de Souza, contou que, segundo o seu cliente, o padrão de corrupção verificado em Londrina também acontecia em outras delegacias da Receita Estadual em todo o Estado. Ao lado de Londrina, Maringá e Curitiba seriam as delegacias com maior volume de propina. Delegacias como as de Jacarezinho e Guarapuava teriam uma “movimentação” mais fraca em termos de propina.